Sem ofensas, sem
emoção, sem melindres... Uma análise racional do processo Eleitoral para o 2º
Turno Presidencial...
#PorqueEuTenhoQueMePosicionar!
O texto é extenso, mas acho que
os motivos merecem um pouco mais de atenção, afinal, estamos às vésperas de uma
decisão por um modelo de governo que irá nos representar...
Essas eleições me trouxeram
alguns elementos que considero importante considerar, quando se está pensando numa
melhor opção de governo para um país.
Após algumas pesquisas, algumas
conversas, algumas discussões... cheguei a algumas conclusões que gostaria de
compartilhar com quem possa ter interesse em travar uma discussão construtiva.
É ignorância usar o discurso do
não envolvimento com a política, afinal, somos seres políticos, vivemos num
sistema político e nossa vida social está totalmente atrelada a decisões
políticas. Quem não vota ou anula seu voto, deixa que outros decidam sua vida
por você. Pior, permitem não se deixar representar, negam a si próprios a defesa
de suas ideologias e posições.
Não é inteligente usar o discurso
da massa... não mostra coerência quem reproduz o discurso dos outros sem um
entendimento dos processos, dos jogos travados, dos interesses estabelecidos.
Esse ano EU VOTEI EM MARINA no 1º
turno. Votei nela não com um discurso antipetista vazio, como tenho ouvido da
maioria das pessoas. Votei porque acreditei que ela tivesse um discurso
coerente com os valores e propostas
defendidos em sua trajetória política. Votei porque assim como aconteceu com
Lula em seu primeiro mandato, achei preconceituoso o discurso xenofóbico que
fizeram contra ela os demais candidatos e seus eleitores. Votei porque achei (e ainda acho) inadimissível as alianças feitas por Dilma e pelo PT em prol
da manutenção do partido no poder.
Eu já fui um dia às ruas defender
a ideologia socialista por convicções pessoais e profissionais e acho
revoltante um partido que travou lutas históricas contra a ditadura, o racismo,
o classismo, entre tantas outras barbáries cometidas contra o ser humano, estar
hoje de mãos dadas com seus “oponentes ideológicos”no mesmo palanque.
Porém, são inegáveis os avanços
sociais (com algumas ressalvas), que o governo Lula e até mesmo o governo Dilma
trouxeram ao povo brasileiro, especialmente a classe menos favorecida da
população. Afirmo isso com conhecimento de causa, pois não foram irrelevantes
os 06 anos que passei na UFPE estudando ciências sociais aplicadas,
compreendendo como se deram os processos históricos e políticos de formação de
nossa sociedade.
Mas, essa reflexão não é
privilégio apenas de quem estudou não. Basta refletir os acessos nunca vistos
antes do Governo Lula, a financiamentos educativos acessíveis, aumento da
capacidade de consumo (poder de compra), financiamento com baixos juros da
primeira moradia, entre muitos outros.
E aviso aos preconceituosos, que
não estou sendo incoerente não... continuo defendendo meus princípios cristãos.
Eles continuam sendo a direção da minha vida, embora meu voto em momento algum
tenha sido religioso, como fui preconceituosamente apontada. E aproveito para
esclarecer que os planos de governo de Aécio Neves nada tem de novos, muito
menos de cristãos.
Eis aqui o principal, dentre os muitos
outros motivos:
Considero inegável a dívida
histórica dos governos brasileiros ao longo de sua história, com a classe menos
favorecida socioeconomicamente. Considero ainda que os programas de transferência
de renda foram sim, em algum momento, uma proposta justa para permitir às
pessoas excluídas do processo produtivo e reflexivo em que estão inseridas, um
mínimo de acesso aos mínimos sociais inerentes às necessidades da condição
humana, conforme preconiza a Constituição do país.
O que não dá para admitir, é a
hipocrisia ideológica de um partido cujas práticas históricas sempre
favoreceram o discurso classista do conhecimento e acesso de uns, em detrimento
de outros. O que não dá para admitir, é ver um candidato cuja ideologia política
sempre esteve do lado oposto de qualquer programa que beneficiasse os pobres de
nosso país, um governo que sempre incentivou e apoiou práticas de exploração
dos empresários sobre os trabalhadores, que sempre combateu programas como o
Bolsa Família, dizer hoje que pretende transformar uma proposta paliativa para
corrigir uma desigualdade de acessos histórica, numa política de Estado.
O Bolsa Família sempre foi criticado pelos tucanos, que muitas vezes chamou os beneficiários de preguiçosos e classificou-os como viciados das tetas do Estado. Defendo a ideia que o programa deveria servir apenas de forma temporária
para corrigir uma distorção histórica, porque não é estabelecendo-o definitivamente como uma
prática de “esmolas” que muito se assemelha ao “voto de cabresto”, que ganha o
povo pela barriga, que as mudanças tão defendidas vão de fato acontecer.
O povo brasileiro não precisa
mais de esmolas, precisa de uma proposta comprometida com a superação de sua
condição marginal. Que eleve sua criticidade e lhe dê oportunidades e acessos
para que aprenda a pescar seu próprio peixe.
Votar em Aécio Neves ao meu ver,
significa não uma opção de MUDANÇA para o nosso país, como o seu discurso de
campanha tenta convencer. Afinal, o que há de novo no neoliberalismo? Talvez
apenas o cinismo de utilizar-se de programas sociais com um discurso disfarçado
de preocupação e superação das mazelas sociais. O que há de novo em suas
propostas de privatização, livre comércio e diminuição de gastos do governo?
Ressalte-se aqui, que essa
redução de gastos não se refere ao dinheiro empregado em favor da elite do país
não, muito menos ao dinheiro aplicado em seus governos para financiar o nepotismo
e os muitos benefícios parlamentares. Mas, significa falar na retirada do
Estado cada vez mais das políticas públicas e sociais em favor das
privatizações, como aconteceu com a Celpe aqui em nosso estado. E hoje o que
temos? Uma empresa estrangeira que fornece nossa energia a um preço exorbitante
com um serviço péssimo, além de enriquer seu país a nossas custas.
Se hoje a saúde está ruim e as
escolas não tem qualidade, saibam que a proposta de Aécio é privatizar as
Universidades Públicas. Vai acontecer mais ou menos como na saúde, se queremos
atendimento de qualidade, teremos que pagar por isso, como não bastasse a
enorme carga tributária que carregamos nos ombros. Assim, o governo “economiza
nos gastos” e sobra mais dinheiro para os bolsos corruptos que governam.
Se não acreditam, leiam essa
matéria:
Enfim...
Antes de adotar o discurso
antipetista, procure entender a história ideológica do PSDB, assim como os
conceitos de privatização, desregulamentação, mercados abertos, retirada do
estado dos mínimos sociais.
Se ainda assim, continuar a
defender o voto em Aécio, defenda então seus princípios neoliberais contidos em
seus projetos de sociedade, ou admita que você não entende realmente nada de
política, apenas está sendo levado pela opinião alheia e eu respeitarei e defenderei
seu direito à diferença, mas por favor, não me venha com discurso vazio porque
isso não traz nenhuma contribuição para a construção de uma sociedade melhor.